quarta-feira, 19 de março de 2014
A VIDA NÃO ME ENSINOU
Paulo Ricardo Costa
A vida não me ensinou que a hipocrisia destrói...
Que o ódio é um amor que não se constrói,
E o sentimento são dores que habitam a alma;
A vida não me ensinou que um amigo não se busca,
Que a noite é um dia novo que se ofusca...
E dorme para que a vida se torne um tanto mais calma;
A vida não em ensinou que há amores passageiros,
Que se escondem para outros amores interesseiros...
Vir rondar as portas de um coração, sem coração,
A vida não em ensinou um verbo chamado perdoar,
E que há no erro uma vontade enorme de acertar...
Que muitas vezes se esconde nas mazelas da razão;
A vida não me ensinou que o tempo traz saudade,
E que as lembranças do passado, as amizades...
São tesouros preciosos que ao tempo se apagarão,
E que apesar desse meu jeito simples e triste...
Dá-me uma vontade de por o dedo em riste,
E gritar para que conheçam o que é à força do perdão;
A vida não me ensinou que somos todos iguais,
A dar benção para Mãe, um beijo doce no Pai...
A abraçar um amigo não só na hora da partida,
A vida não me ensinou a ter o aconchego da casa,
Um fogão de lenha, com um fogo de brasa...
E um café de chaleira borbulhando pra vida;
A vida não ensinou que rio é água de uma fonte...
Que nasce “pequenina” bem lá no pé do monte,
E depois se agiganta para dar vida aos homens,
E que os homens são feras que matam a terra...
E depois se destroem na ganância da guerra,
Alimentando o poder com os olhos da fome;
A vida não me ensinou que o passado é lembrança,
E que o futuro não está só nos olhos da criança...
Crianças que vivem pelas ruas abandonadas.
A vida não me ensinou que eu posso ajudá-las,
E que a mesma mão que ao berço embala...
Também as empurra para o frio das calçadas;
A vida não me ensinou tanta coisa qu’eu não sei,
Que talvez se eu soubesse o tempo que já passei...
Tornaria sem graça o meu jeito simples de viver,
E quem sabe metido na arrogância dos que sabem tudo,
Talvez eu tivesse esta ganância como escudo...
Que rompe a alma e o coração de cada ser.
Por isso, hoje, não cobro o que a vida não me ensinou,
Porque esse coração, que é terno e há tantos, amou,
Ainda ama as coisas simples, com o seu valor...
E a humildade, que o foi o berço que me embalou,
Deu-me a maior lição que a vida já me ensinou...
Que somos filhos de um mesmo Deus!...O Deus do amor.
CD "De dor e sentimento - Poesias Gaúchas"
Interpretação: Fabricio Vargas
Amadrinhamento: Cristiano Cabelera
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