quarta-feira, 12 de março de 2014
RUMBEANDO
SAUDADES
Marco Antônio Dutra |
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As labaredas do
fogo do galpão,
são espelhos pra minha alma cantadeira Pois viajo no tempo, entre rendas de nuances rubras que brotam do espinilho em brasa, a refletir um brilho de estrela, misturada com uma lágrima desgarrada. O chiar da cambona em riba do fogo, quebrando o torpor do silêncio, aparta os recuerdos da mente e recria na tela vermelha da barra do dia. Um piá a correr pelos campos abertos, cortando os trevais e a ferir os bibis com as patas ágeis do petiço alazão. De quando em vez, boleando um lacito de couro com pêlo, rasgando armadas por sobre os guaxos. Sob o olhar severo do seu velho pai. Deveras... O tempo passou depressa para aquele piazote Naquelas tardes de artes sem fim, a pealar terneiros, armar mundéus; E correr nos campos a rosetear os pés. Ficou a memória daquele homem Que nos tempos de moço, deixou a querência pra seguir outros nortes em busca daquilo que nunca perdeu! Pelos rastros e rumos que seu flete pateou, restaram lembranças, saudades e amores; Daquelas lides de moço, deixadas pra traz pelos corredores. Depois de muitas tropeadas, a campear um feitiço pra seu coração, achou no rumo do povo, uma prenda bonita de olhar esmeralda, e abrindo picadas, aquerenciou-se pro amor. No alto do cerro, junto a sombra do umbu - Morada pras mansas - Plantou um ranchito de paredes barreadas, e capim santa-fé. Com soleita na porta, pras horas do amarguear. Hoje... O velhito, sem lume no olhar Rebusca na boca da noite junto ao fogo de chão, aquelas charlas fraternas em confrarias domingueiras, do seu tempo de peão. |
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